Facetas de porcelana ou lentes de contato dentais, qual devo escolher? A odontologia restauradora contemporânea oferece soluções altamente estéticas e minimamente invasivas para reabilitar sorrisos comprometidos por desgaste, alterações de forma, cor ou posicionamento dentário. Dentre os recursos mais procurados estão as facetas de porcelana e as lentes de contato dentais.
Embora muito confundidas, essas duas opções apresentam indicações distintas, níveis de preparo dental diferentes e particularidades técnicas que devem ser cuidadosamente avaliadas antes da escolha definitiva do paciente em conjunto com o dentista. Neste artigo, exploramos suas diferenças, indicações clínicas e critérios de seleção.
O que são facetas e lentes de contato dentais?
Ambas são próteses fixas parciais, confeccionadas em cerâmica odontológica, que recobrem a superfície vestibular dos dentes anteriores — normalmente incisivos e caninos — com o objetivo de corrigir imperfeições estéticas e restabelecer harmonia ao sorriso. A principal diferença está na espessura da peça, na necessidade de desgaste dental e no grau de correção morfológica permitido.
Facetas de porcelana
Possuem espessura média entre 0,5 mm e 1,2 mm. Demandam desgaste dental moderado para acomodação e retenção da peça. São indicadas para casos em que há necessidade de correção de cor, forma, tamanho ou alinhamento mais expressivo.
Lentes de contato dentais
São estruturas ultrafinas, com espessura entre 0,2 mm e 0,4 mm. Preservam quase totalmente a estrutura dental, sendo frequentemente indicadas em casos de pequenas alterações ou quando se busca ganho estético com o mínimo de invasividade.
Critérios para escolha entre facetas e lentes
A decisão entre uma ou outra técnica deve considerar diversos fatores, além das expectativas estéticas do paciente. A avaliação precisa envolve análise do substrato dental, da espessura do esmalte, da oclusão e da relação intermaxilar. A seguir, detalhamos os principais parâmetros que guiam essa escolha.
1. Espessura e qualidade do esmalte do dente
As lentes de contato exigem substrato de esmalte íntegro para adesão previsível e longevidade da peça. Quando há restaurações extensas, fraturas ou coloração alterada intrínseca (como em casos de dentes com tratamento endodôntico escurecido), a faceta é preferível, pois permite maior opacidade da cerâmica e adaptação morfológica.
2. Grau de alteração de cor
As pigmentações intensas ou manchas profundas (por fluorose, tetraciclina ou necrose pulpar) raramente são mascaradas de forma satisfatória por lentes de contato, dada sua translucidez. Nesse caso, as facetas permitem maior controle sobre o grau de opacidade da porcelana, possibilitando camuflagem eficaz.
3. Correção de forma, rotação ou desalinhamento
Dentes com giroversões, diastemas amplos ou discrepâncias de volume vestibular demandam facetas, que possibilitam alterações anatômicas mais significativas. As lentes são restritas a modificações sutis.
4. Oclusão e parafunção
Pacientes com bruxismo, mordida cruzada ou sobremordida severa devem ser avaliados com cautela. Em casos de carga funcional elevada, as facetas apresentam maior resistência mecânica devido à sua espessura e maior área de adesão. Quando indicado, o uso de placas oclusais noturnas deve ser considerado para proteção das cerâmicas.
5. Expectativa estética do paciente
Nos pacientes com elevada exigência estética, tanto facetas quanto lentes podem entregar resultados excelentes. No entanto, quando o objetivo é uma transformação completa — envolvendo reposicionamento visual, clareamento e recontorno gengival —, as facetas oferecem maior controle sobre a composição do sorriso, especialmente se aliadas a cirurgias plásticas periodontais ou ortodontia prévia.
Processo de colocação das lentes de contato e facetas
Apesar de ambas as técnicas envolverem etapas similares, o preparo dental e a moldagem requerem variações técnicas específicas.
- Análise estética e enceramento diagnóstico (mock-up): simulação do resultado final, essencial para alinhar expectativas e guiar o preparo;
- Fotografia clínica e escaneamento intraoral: documentação e registro digital;
- Confecção laboratorial em cerâmica feldspática ou dissilicato de lítio;
- Cimentação adesiva com isolamento absoluto, condicionamento ácido e sistema de adesivo apropriado.
Diferenças na colocação de facetas e lentes de contato
Para facetas, geralmente é necessário desgaste controlado do esmalte, principalmente nas áreas cervicais e proximais, para garantir a adaptação do laminado e a estética final.
Já as lentes, por serem mais finas, podem ser colocadas sem desgaste ou com um preparo mínimo, preservando quase totalmente o esmalte dental original.
Durabilidade
A longevidade das cerâmicas odontológicas depende da técnica de cimentação, da qualidade da adesão, da oclusão controlada e dos cuidados do paciente. Estudos clínicos apontam taxas de sucesso superiores a 90% após 10 anos, tanto para facetas quanto para lentes, desde que bem indicadas.
O controle periódico é essencial para identificar desadaptações marginais, infiltrações ou fraturas. O uso de escovas macias, fio dental e o não consumo de alimentos excessivamente duros colaboram com a conservação do trabalho restaurador.
Quando a lente de contato dental não é indicada?
Apesar da preferência crescente pelas lentes devido à sua mínima invasividade, elas não são indicadas em todos os casos. Entre as contraindicações, destacam-se:
- Dentes com grandes restaurações anteriores ou perda estrutural extensa;
- Esmalte ausente ou severamente desgastado;
- Pigmentações intensas intrínsecas;
- Maloclusões severas não tratadas;
- Incapacidade de controlar hábitos parafuncionais.
Em tais situações, insistir na aplicação de lentes pode levar a desadaptação precoce, descolamento, fraturas cerâmicas e falhas estéticas.
Conclusão
A escolha entre facetas de porcelana e lentes de contato dentais não deve ser pautada apenas por tendência estética ou preferência do paciente. Trata-se de uma decisão clínica técnica, baseada em critérios morfológicos, funcionais e estruturais. Ambas as opções entregam resultados naturais e duradouros quando bem indicadas, mas exigem domínio técnico do profissional e planejamento individualizado.
Na dúvida, a avaliação por um cirurgião-dentista especializado em estética e reabilitação oral é indispensável. Ele será capaz de conduzir a escolha mais segura, funcional e esteticamente equilibrada, com foco na biologia, na previsibilidade e na longevidade do sorriso.
Conte com os profissionais altamente capacitados da clínica Orthos para fazer uma avaliação da sua saúde bucal. Entre em contato conosco e agende uma visita!