Segundo estudos publicados no portal da Agência Fapesp, o Brasil ocupará o 6° lugar em população idosa em 2025. O aumento da população idosa traz consigo novos desafios, inclusive na área da saúde, o que levou à criação de especialidades específicas, como a Odontogeriatria.
Em 1950, o Brasil contava com 2 milhões de pessoas acima de 60 anos. Em 1965, esse número subiu para 6,2 milhões, alcançando 13,9 milhões na virada do século. A projeção para 2025 indica que a população idosa chegará a 31,8 milhões, conforme dados do estudo.
A Odontogeriatria é uma especialidade da odontologia voltada para a saúde bucal dos idosos. Manter uma boa saúde bucal ao longo da vida é essencial, mas torna-se ainda mais relevante na terceira idade, contribuindo para o bem-estar e a qualidade de vida durante o envelhecimento.
O que é Odontogeriatria?
Ao longo da vida, a saúde bucal passa por mudanças naturais que demandam atenção e cuidados específicos. Na terceira idade, esse acompanhamento se torna ainda mais relevante, sendo o Odontogeriatra o profissional especializado em cuidar da saúde bucal dos idosos.
O Odontogeriatra dedica-se a estudar os impactos do envelhecimento em toda a cavidade bucal, indo além dos dentes para abordar o funcionamento completo da estrutura bucal. Sua formação inclui conhecimentos em geriatria, que estuda o envelhecimento em seu aspecto patológico, e gerontologia, que aborda dimensões biológicas, psicológicas e sociais desse processo. Essa combinação permite que o especialista desenvolva estratégias eficazes para a promoção e manutenção da saúde bucal dos idosos.
De acordo com o Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CRO-SP), o odontogeriatra atua na promoção da saúde, no diagnóstico, na prevenção e no tratamento de doenças bucais e de condições relacionadas ao sistema estomatognático.
Qual a importância da Odontogeriatria?
Embora qualquer dentista possa atender um idoso, o odontogeriatra possui um conhecimento mais aprofundado sobre as condições específicas dessa fase da vida. Isso permite um diagnóstico mais preciso e um tratamento direcionado às necessidades dessa faixa etária.
O envelhecimento está associado à maior vulnerabilidade a doenças bucais, como gengivite e periodontite. A periodontite, em particular, pode levar a complicações graves, incluindo problemas cardiovasculares, caso não seja tratada. Além disso, o sistema imunológico mais frágil dos idosos pode agravar as consequências de problemas bucais, tornando o acompanhamento especializado indispensável.
Cuidados e recomendações para a saúde bucal na terceira idade
Manter um sorriso saudável não é apenas uma questão estética, mas também de bem-estar e qualidade de vida. Para isso, alguns cuidados específicos são fundamentais:
Atenção redobrada à escovação
A gengiva dos idosos pode se retrair ao longo dos anos, expondo áreas mais sensíveis dos dentes e tornando-os suscetíveis a machucados e infecções. Por isso, é importante utilizar escovas de cerdas macias e técnicas adequadas de escovação para proteger tanto os dentes quanto a gengiva.
Cuidados especiais com próteses
As próteses dentárias, parciais ou totais, exigem atenção constante para evitar o acúmulo de resíduos e a proliferação de bactérias. Após cada refeição, é necessário higienizar as próteses corretamente e enxaguá-las para prevenir irritações ou infecções bucais.
Hidratação regular
A produção de saliva tende a diminuir com a idade, especialmente devido ao uso de medicamentos para condições crônicas como diabetes e hipertensão. Para evitar o ressecamento da boca e possíveis lesões, é fundamental manter uma boa hidratação, priorizando o consumo de água ao longo do dia.
Perguntas frequentes sobre Odontogeriatria
O acompanhamento periódico com um odontogeriatra é indispensável para prevenir, diagnosticar e tratar possíveis problemas bucais. Na terceira idade, a saúde bucal requer mais atenção, especialmente devido à fragilidade do sistema imunológico.
Adotar essas práticas ajuda a preservar a saúde bucal, garantindo mais conforto e qualidade de vida durante o envelhecimento.
Quais as principais lesões bucais em pacientes idosos?
As lesões bucais mais comuns em pacientes idosos estão relacionadas tanto ao envelhecimento natural quanto a fatores externos, como o uso de medicamentos, doenças sistêmicas e próteses dentárias mal ajustadas. Abaixo estão algumas das principais condições que afetam a saúde bucal na terceira idade:
- Xerostomia (boca seca)
Comum em idosos devido ao uso de medicamentos para condições como hipertensão, diabetes e doenças cardiovasculares. A redução na produção de saliva pode causar desconforto, aumentar o risco de cáries e favorecer infecções bucais. - Cáries radiculares
Com a retração gengival, a raiz dos dentes fica exposta, tornando-se mais suscetível ao desenvolvimento de cáries, especialmente em casos de boca seca ou higiene bucal inadequada. - Doença periodontal
Inclui gengivite e periodontite, que afetam as gengivas e os tecidos de suporte dos dentes. A periodontite, quando não tratada, pode levar à perda dentária e a complicações sistêmicas, como problemas cardíacos. - Estomatite protética
Inflamação da mucosa oral causada pelo uso prolongado ou inadequado de próteses dentárias. É frequentemente associada à má higiene das próteses ou ao uso contínuo sem intervalos de descanso. - Candidíase oral
Infecção fúngica causada por Candida albicans, comum em pessoas com imunidade reduzida, xerostomia ou uso de próteses. Manifesta-se como placas esbranquiçadas na mucosa bucal e pode ser dolorosa. - Leucoplasia
Manchas brancas que aparecem na mucosa oral, muitas vezes causadas por irritações crônicas, como tabagismo ou uso inadequado de próteses. Embora geralmente seja benigna, algumas formas podem ser pré-cancerosas. - Lesões traumáticas
Comuns em idosos que usam próteses mal ajustadas, essas lesões podem causar dor, ulcerações e até infecções secundárias. - Câncer bucal
Idosos apresentam maior risco de desenvolver câncer de boca, especialmente se houver histórico de tabagismo ou consumo excessivo de álcool. Lesões persistentes, como úlceras ou manchas, devem ser avaliadas com atenção.
A prevenção e o acompanhamento regular com um odontogeriatra são fundamentais para identificar e tratar essas lesões precocemente, garantindo qualidade de vida e saúde bucal ao longo do envelhecimento.
Como fortalecer os dentes na terceira idade?
Fortalecer os dentes na terceira idade é essencial para manter a saúde bucal e evitar complicações como cáries, doenças gengivais e perda dentária. Para isso, é importante adotar cuidados específicos que considerem as mudanças naturais do envelhecimento e os possíveis desafios dessa fase. A seguir, algumas orientações para fortalecer os dentes:
1. Higiene Bucal adequada
Manter uma rotina de higiene bucal é fundamental. Escove os dentes pelo menos três vezes ao dia com uma escova de cerdas macias e creme dental com flúor, que ajuda a fortalecer o esmalte dental. Não se esqueça de usar fio dental para remover resíduos entre os dentes.
2. Alimentação balanceada
Uma dieta rica em cálcio, fósforo e vitamina D contribui para a saúde dos dentes e ossos. Inclua alimentos como leite, queijos, iogurtes, vegetais verdes escuros, peixes gordurosos e nozes na alimentação.
3. Hidratação constante
Beber água regularmente ajuda a estimular a produção de saliva, que protege os dentes contra cáries e bactérias. Para quem sofre de boca seca, o uso de saliva artificial ou gomas de mascar sem açúcar pode ser indicado.
4. Uso de produtos fortalecedores
Cremes dentais, enxaguantes bucais e tratamentos tópicos com flúor são aliados no fortalecimento dos dentes. Consulte um dentista para avaliar a necessidade de aplicações regulares de flúor no consultório.
5. Cuidado com Próteses e Implantes
Se usar próteses ou implantes, mantenha-os limpos e em bom estado. Próteses mal ajustadas podem causar lesões na gengiva e comprometer a saúde bucal.
6. Evite hábitos prejudiciais
Reduza o consumo de alimentos ricos em açúcar e ácidos, como refrigerantes e doces, que podem desgastar o esmalte. Além disso, evite fumar, já que o tabaco prejudica a saúde bucal e aumenta o risco de doenças periodontais.
7. Visitas regulares ao dentista
Consultar um Odontogeriatra regularmente é essencial para identificar problemas em estágio inicial, realizar limpezas profissionais e aplicar tratamentos preventivos.
Com esses cuidados, é possível fortalecer os dentes e manter a saúde bucal mesmo com o passar dos anos, promovendo maior qualidade de vida na terceira idade.
O que acontece na boca com o envelhecimento?
O envelhecimento traz mudanças naturais em todo o organismo, e a boca não é exceção. Alterações anatômicas, fisiológicas e funcionais ocorrem na cavidade oral, impactando dentes, gengivas, ossos e tecidos moles. Essas mudanças podem influenciar a saúde bucal e a qualidade de vida. Veja o que acontece na boca com o passar dos anos:
1. Alterações nos dentes
- Desgaste do Esmalte: A mastigação e a exposição a alimentos ácidos ao longo do tempo levam ao desgaste do esmalte, tornando os dentes mais vulneráveis a cáries e fraturas;
- Retração Gengival: A gengiva pode se retrair, expondo a raiz dos dentes, que é mais sensível e propensa a cáries radiculares;
- Mudanças na Cor: Os dentes tendem a escurecer devido ao acúmulo de pigmentos nos tecidos dentários e ao desgaste do esmalte.
2. Redução da produção de saliva
A xerostomia, ou boca seca, é comum em idosos, frequentemente causada por medicamentos e doenças sistêmicas. A saliva atua na proteção contra cáries e infecções, e sua redução aumenta o risco de problemas bucais.
3. Enfraquecimento dos ossos maxilares
A perda de densidade óssea, especialmente em casos de osteoporose, pode afetar os ossos que sustentam os dentes. Isso aumenta o risco de perda dentária e dificulta o uso de próteses.
4. Maior suscetibilidade a doenças periodontais
A idade avançada é um fator de risco para doenças gengivais, como a periodontite, que pode levar à perda de dentes se não tratada.
5. Mudanças nos tecidos moles
- Redução da elasticidade: A mucosa oral torna-se mais fina e menos elástica, tornando-a mais suscetível a traumas e irritações;
- Cicatrização lenta: O processo de cicatrização de feridas bucais pode ser mais lento em idosos devido à diminuição da regeneração celular.
6. Alterações funcionais
- Perda de sensibilidade gustativa: O envelhecimento pode reduzir a percepção do paladar, especialmente para sabores doces e salgados;
- Dificuldade de mastigação: Problemas dentários, uso de próteses ou perda de dentes podem comprometer a mastigação e a digestão.
7. Risco aumentado de infecções
Condições como a candidíase oral tornam-se mais frequentes devido à imunidade reduzida, uso de medicamentos e uso prolongado de próteses dentárias.
Com o envelhecimento, é essencial intensificar os cuidados bucais e realizar acompanhamento regular com um Odontogeriatra. Os profissionais sabem como reduzir os impactos dessas mudanças e preservar a saúde bucal.
Por que é comum vermos idosos com tantos dentes perdidos?
A perda de dentes em idosos é uma condição comum e pode ser atribuída a diversos fatores acumulados ao longo da vida. Entre as principais razões estão:
1. Doenças periodontais não tratadas
A periodontite é uma das principais causas de perda dentária em adultos e idosos. Essa doença, caracterizada pela inflamação e destruição do tecido de suporte dos dentes, pode evoluir de forma silenciosa se não for tratada, resultando em mobilidade e queda dentária.
2. Cáries não tratadas
Ao longo dos anos, cáries não tratadas ou mal restauradas podem comprometer a estrutura dental a ponto de levar à extração do dente. A cárie radicular, comum em idosos devido à retração gengival, também contribui para esse cenário.
3. Falta de acesso ou cuidado odontológico no passado
No Brasil, o acesso limitado a cuidados odontológicos de qualidade em décadas anteriores fez com que muitos idosos não recebessem tratamento adequado em sua juventude, levando à extração de dentes como solução para problemas bucais.
4. Impacto do envelhecimento bucal
Com o passar dos anos, os dentes estão sujeitos ao desgaste natural, e os ossos e gengivas que os sustentam podem enfraquecer. Isso aumenta o risco de mobilidade e perda dentária, especialmente se houver falta de cuidados regulares.
5. Doenças sistêmicas e medicamentos
Condições crônicas como diabetes e hipertensão, comuns na terceira idade, podem comprometer a saúde bucal. Além disso, medicamentos que reduzem a produção de saliva (xerostomia) favorecem o surgimento de cáries e doenças gengivais, contribuindo para a perda de dentes.
6. Hábitos de vida ao longo do tempo
Hábitos como fumar, consumir álcool em excesso e ter uma dieta rica em açúcares ao longo da vida têm impacto cumulativo sobre a saúde bucal. Esses fatores aumentam significativamente o risco de cáries, doenças gengivais e, consequentemente, perda de dentes.
7. Falta de educação preventiva
No passado, o foco da odontologia era mais curativo do que preventivo, e muitos idosos não tiveram acesso a informações sobre a importância da higiene bucal e do acompanhamento regular com dentistas.
8. Uso prolongado de próteses mal ajustadas
Próteses mal adaptadas ou negligenciadas podem causar reabsorção óssea acelerada e danos aos dentes remanescentes, favorecendo sua perda.
A importância da prevenção e tratamento
A perda dentária, embora comum, não é inevitável. A adoção de cuidados bucais adequados, consultas regulares com o dentista e intervenções preventivas podem preservar os dentes naturais, mesmo na terceira idade. A conscientização sobre esses fatores é essencial para reduzir a incidência desse problema nas próximas gerações.
Conclusão
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